26/11/2006

O repouso do coração ou como se (sobre)vive a uma semana de desamor


Agora que o meu coração já está tranquilo, agora que ele já me deixa falar sobre o que dói dizer...prefiro não o fazer.

Foi uma semana difícil, mas que ultrapássamos à nossa maneira.

Gosto de pensar em nós como um livro que se reescreve sozinho (ou quase).

Gosto de pensar que este coração por ti desenhado está mesmo atravessado.

24/11/2006

7:30 da noite escura, parada, molhada

Há uma coisa que se chama agenda na cabeça (que é a agenda que mantemos para as coisas realmente importantes e que achamos ridículo apontar na agenda) e há outra coisa que se chama cabeça de agenda que, para que o meu trocadilho resulte com sentido, quer significar uma cabeça que pensa que consegue decorar tudo e não consegue. Eu pensava que tinha a primeira e hoje percebi que tenho a segunda.

Depois de um dia turbulento quanto baste na escola, entre um miúdo que "desaparece"
e uma mãe que não atende e um temporal que me levava qual Mary Poppins pelo ar; depois de andar o dia todo com o coração apertado, a minha principal prioridade era ir para casa. Fui buscar o carro à oficina onde o tinha deixado para alinhar a direcção e substituir os pneus. Ainda tentei que um dos nossos miúdos fizesse a formação vocacional aqui - mas levámos uma tampa do tamanho do mundo.

Com o carro pronto para a próxima aventura automobilística, o meu pensamento era único chegar a casa, sã e salva, chegar a casa, chegar a casa, chegar, chegar...
Cheguei de facto, mas não devia ter chegado. Devia ter ido de imediato para a minha primeira supervisão e não fui. Comi, adormeci ao som da sic notícias, refastelada no sofá quase a deliciar-me com a sorte que tive em ter corrido tudo bem quando atravessava a ponte e com o azar dos outros, aquela hora a chegar a casa. Ouvi as notícias das 6, das 7, adormeci ao som de acidentes e de derrubos de árvores e filas intermináveis e cortes de vias ferroviárias e cortes de estradas e continuava refastelada.

O pensamento foi rápido a assaltar-me: estava a ter supervisão e não podia mesmo faltar! O que fazer? Eram 7:30 da noite escura e parada - o que é muito pior do que dizer 19:30 simplesmente.
Como chegar à Rua Ortigão Ramos a voar? Como estar em Alfragide e lá ao mesmo tempo. Vesti o meu fato de super-chica-esperta da estrada e meti-me no meio do infindável trânsito que transbordava por Lisboa inteirinha.

Fiz terceiras filas, onde só existiam bermas, businei quando achei que era preciso acordar algum condutor mais conformado com a situação, intrometi-me como se de uma ambulância me tratasse a caminho do "Hospikaty" e velejei por entre lençóis de água, como se de alcatrão se tratasse.

Cheguei por fim ao meu destino, quando já todos os meus novos colegas se preparavam para ir embora. O ambiente era tão acolhedor que os breves momentos que ainda dispus para me retratar, me souberam bastante bem. Fui sincera e expliquei que tinha adormecido.
Hoje descobri que não tenho uma agenda na cabeça e tenho de me adaptar a essa ideia, por muito que me custe.

Provavelmente esta semana difícil que hoje termina não me permitiu ter a cabeça leve para pensar em mim e naquilo que são as coisas que tinha programadas.

Mas ter estado lá foi bom mesmo assim. A tristecidade que foi hoje Lisboa estava um bocadinho mais feliz com a tranquilidade que tentei poisar no regresso a casa, a comparar com a furiacidade que despejava a cada metro percorrido entre as 7 e as 8 da noite escura e molhada da cidade que não deixa Félix dormir.

23/11/2006

Criar ao som do meu blog - musicário IV

Escrevi este post na última semana:


"Nunca fiz nenhum blog ao som da música que lhe ponho. E garanto-vos que vai custar. Não é possível ouvir Cocteau Twins sem ficar com o coração tipo passa de figo. Não sei bem porquê, mas acontece-me. E está a acontecer-me agora.

Parte da minha vida que não está a chover, está aqui, bem perto, a ajudar-me.
Essa parte da minha vida que não tem nunvens é uma parte que não vive propriamente em mim e por isso não se chateia com coisa nenhuma. Nem entristece. Nem chora quando chove. Nem soluça.

A outra parte de mim, que está a pingar, pediu-me para pôr aqui os C.T."

22/11/2006

Chi-chi no mar - parte II

Relativamente ao post de ontem, deturpei totalmente o meu objectivo e detive-me somente numa imagem mental - coisa aliás que faço frequentemente, istoo é, penso que os outros também estão a pensar como eu e escuso-me a comentários explicativos.

Pois bem, o que queria dizer com o "fazer chi-chi no mar" é, claro, uma alegoria da tentativa humana de acrescentar algo da sua produção ao mundo imenso que o rodeia.

Pensava que tinha linhas e linhas para escrever sobre esta ideia fantástica e que ia dar um post e pêras. Mas não deu.
A discussão desta ideia fica para outras núpcias, mas não queria deixar de fazer esta ressalva, se é que ela adiantou qualquer coisa. Já me sentiria satisfeita se ela não vos fizer bomitar monelhos de cavelos e outras pilosidades que tais.

21/11/2006

Fazer o meu chi-chi no mar


Não fui a primeira a pensar nesta alegoria, mas por agora basta-me essa sinceridade.
O que importa é que quando a ouvi me ritumbou (será assim) no ouvido interno e fez mossa em alguns circuitos neuronais, de modo a que eu nunca mais me esquecesse disto.

O que é facto é que quando penso em mim e no mar e eu a fazer chi-chi nele, dá-me vontade de rir. Primeiro, porque não estou habituada a fazer chi-chi de pé, depois porque imagino esta imagem mítica, como um homem a fazer o seu chi-chi, tão tranquilamente quanto pensa sobre a vida e olha o horizonte e eu...eu no mar tenho vontade de fazer chi-chi de cóqueras, demoro eternidades a efectivar o percurso ureteral e quando finalmente dou início ao processo estou com uma cara de sentimento de culpa que acho que toda a gente imagina o que acabei de fazer.

Definitivamente, esta imagem não é feminina. Mas mesmo que fosse, ficava contente se já tivesse feito algumas gotinhas no mar, vá pronto, mesmo que fosse só nalguma banheirinha. Mas vou continuar a buscar essa tranquilidade de homem satisfeito que descarrega as águas na outra água maior. Conta muito fazer chi-chi de pé.
(Ando sem tempo para as fotos)

bomitabam monelhos de cavelo

Quem seriam os gaijos, hã?? quem seriam os trolhas que bomitabam essa porcaria de monelhos, hã? quem anda a comer cavelos em nobelinhos? quem anda para aí a confundir um tipo que até quer fazer bem o seu trabalho, é pá, mas que não pode, quando se aperceve que lhe bomitam cavelos em monelhos? Não dá para ser sério na profissão de vruxo, não dá.

19/11/2006

Lanches de Domingo

Lanches de Domingo são lanches-ajantarados, lancha-se e já não se janta. Lanches de Domingo incluem babados por croissants e pães-açucarados, por chá com leite e bolo de laranja. Lanches de Domingo têm a sonoridade do "pó-de-arroz" do Carlos Paião - aliás tentem começar a letra dizendo... lanches, de domingo, do teu lancheiral, esse lanche fatal, para o teu colesteral e continua...

Lanches de Domingo sabem a friozinho da rua e a quentinho de casa, a conversas de trazer por casa, a roupa de trazer por casa.

E eu que detestava domingos, estou agora uma domingueira de primeira: é um reviver acelerado a semana de um típico trabalhador: isto é, andamos a molengar pelo domingo fora mas as coisas até que se vão fazendo...

A propósito: já ouviram Sunday dos Sonic Youth - (não? pois não?) então façam-me esse favor e depois vêm falar comigo a sério, pode ser?

Pronto, e mais um post sem foto, que o meu blogg também tem direito à sua grevezita que eu nestas coisas sou um chefe bastante laisser-faire.

Beijinhos e abraços, mesmo para quem eu não conheço - devem ser boas pessoas de certeza.

13/11/2006

De costas voltadas para o mundo


Senti-lo a vibrar, mesmo quando não toca. Desbloqueá-lo, só para olhar para o visor. Confirmar as horas por ele. Ser despertada por ele. Escrever notas e apontar-lhe tarefas para ele nos avisar. Receber e dele fazer comunicações para o resto do mundo. E agora que a necessidade está bem criada, pimba! ficar sem ele.

Ontem à noite, esqueci o meu telemóvel em lugar seguro, mas longe demais para poder regressar e ir buscá-lo. Pensamento imediato: levo outro telemóvel, comunico a troca de número e está tudo sob controlo. Eis senão quando o telemóvel suplente se queixa de fome eléctrica, faz birra e cai morto num silêncio de desmaio de fome.

Fiquei fechada para o mundo, como num casulo. Pensava em 1000 situações que poderiam estar a acontecer e que eu nunca poderia saber em tempo real.
Lembrei-me do nome do meu primeiro. O meu primeiro era um AEG, para aí com 250gr de peso e com uma antena retrátil. Chamavam-lhe sapatomóvel e durante muito tempo gozaram comigo de ter tal instrumento de comunicação. Ainda consegui mandar umas mensagens naquilo, lembro agora.
Depois tive um Nokia 3210, verde lima. Sempre longe do reboque das novidades, o meu 3210 aguentou-se até ao impossível. Mais tarde apareceu o SonyEricsson (versão cheia de flops, onde o 4 não funcionava e quando queria adormecia em total narcolepsia, sem dar cavaco). Depois de vários upgrades ao dito, deixei caí-lo na via pública e pouco depois...ganhou asas e voou.
Agora tenho um primo deste o T610, que não se está a aguentar nada mal. Olhando com atenção, vejo nele um formato semelhante ao primeiro sapatomóvel e ganhei-lhe estima por isso. Penso agora na resistência que fiz ao uso do telemóvel. Mantive-me fiel ao meu bip para aí até 1997, isto é, há 10 anos atrás, numa altura em que praticamente já toda a gente andava de mimo (o meu telemóvel engolia um cartão inteiro dentro dele, dá para imaginar?)
Quando regressei hoje para o ir buscar foi como ir à creche buscar o Francisco Pedro, o Teotónio Manuel, a Maria Francisca, a Constança. Peguei nele e inventariei as novidades que recebera durante a minha ausência, como farei de certo a um filho. Fiz 5 telefonemas seguidos (quase como fumar cigarros por compensação, será) e depois passou.
Agora está ao meu lado a recuperar a noite mal dormida. E eu senti-me virada de frente outra vez. Como deve ser.

10/11/2006

Estar de bem

Ontem foi dia (noite, melhor dito) de saída de gaijinhas. Destino: quanto mais fútil melhor. Por isso, destino: Amoreiras.
Assim que nos encontrámos senti-me em casa. Cada vez sinto mais que gostamos de estar juntas e que nos sentimos bem dessa maneira. Eu passei o tempo a espingardar os meus novos termos étnicos e a pronúncia da margem sul que não me custou a apanhar de ouvido: gaija boa é "cadeirrona" - entendam-se os rr como uma ligeira acentuação e não propriamente como o nosso rr convencional. Isto tem que se lhe diga.

Pesquisámos as lojas típicas para 4 moçoilas que procuravam botas e cremes.
Terminámos a busca numa perfumaria, da qual vim a perceber que existe: pó iluminador, que existe blush em creme, base em pó mate e base transparente em gel. Que os homens também já podem usar maquilhagem, que existem uns meteoritos luminosos por onde se passa o pincel que acentual as maçãs do rosto, que ele há tezes mais claras e tezes mais escuras e que a minha não se sai nada mal neste capítulo.
Senti-me como junto de 4 enciclopédias sobre todos os cremes e marcas que existem e eu um burro a olhar para um palácio e a comer pão-de-ló. Cada marca: La Prairie, Biotherm, Guerlain, Clinique tinha um produto fantástico que uma delas conhecia. A Cristina comprou uma base e enquanto levava uma ensaboadela da empregada-hiper-maquilhada-e-baseada-da-loja nós as três ficámos sozinhas. A experimentar tudo. Nas nossas caras e maçãs e lábios e decotes. E tudo.
Estávamos assim nós, eis senão quando, Kika balbuceia despreocupada: Eu se fosse a ti, a única coisa com que me preocupava era mesmo com os poros. E o burro deixa cair o pão-de-ló ao chão e o palácio desmorona-se à sua frente. "Mas que raio são os poros?" e "É claro, os poros!!!" foram os meus pensamentos simultâneos. Kika, quiseste dizer que eu tinha poros. Pois é, acertaste. Próxima busca: como curar os poros. Próxima descoberta: a clinique tinha um produto fantástico feito à minha medida. Um serum nocturno para fazer fechar os poros (nós só acreditamos nestas coisas quando estamos em frente a um vendedor que parece que nos está a falar dos milagres da IURD) e outro para os disfarçar. E pronto, ali estava eu, também com uma necessidade descoberta havia 5 minutos e, a partir de então, a achar que toda a minha vida gira à volta dos malditos poros do meu nariz e arredores. Agora sonho com o serum e com o disfarçador. Ainda não comprei nenhum porque sou bem comportada e quero comprar um de cada vez no mês.

E depois fomos embora com a promessa de regressarmos mais ou menos semanalmente ou consoante as necessidades de futeis de cada uma de nós. E ainda antes bebeu-se uma coca-cola light (pronto, eu comi um gelado no Mac).

E mais depois ainda deitei-me a pensar como ainda hoje tinha estado no tribunal a acompanhar um dos meus "rapazes do PIEF" que é arguido num processo devido a vários furtos de automóveis. Reparei que ele estava nervoso e que por isso gaguejava ainda mais. Não parava de mexer na sua orelha infectada por brincos sujos e promíscuos de outras orelhas e não parava de olhar para ver se a sua mãe chegava. Falámos pouco mas eu estive sempre ao pé dele. A mãe chegou mais tarde e não parou de falar. Ele apenas lhe pediu dinheiro e ela acedeu prontamente. Este era o rapaz que pior se dava comigo. Agora somos uns conhecidos cordiais. E ele já diz: "A s'tora Catarina é fixe". Em vez de dizer: "Oh diabo" e "pitbull" cada vez que me via.

Imagine-se, sentados à porta do tribunal, falei com ele sobre os assaltos que o meu carro já tinha sofrido. Ele ouviu-me e pareceu compreensivo. Pus-lhe um penso na orelha e pouco mais. E já deixei de ser um cão raivoso.

E entre um mundo e outro (o do fim e o do início do dia) balanço sem cair, a rodopiar entre uma e outra margem do Tejo e a dizer para mim: estou de bem.

07/11/2006

O que me entusiasma




A partir do próximo sábado vou frequentar uma especialização em psicoterapia, pela sociedade portuguesa de psicoterapias construtivistas, durante os próximos tempos.

Como tenho pré-especialização em saúde, não terei de frequentar módulos teóricos e farei apenas acompanhamento supervisionado de casos.

O site é www.sppc.org.pt/. Podem dar uma olhadela.

Sinto que vou aprender bastante e só isso deixa-me já bastante contente.
Sinto que com isto estou a agir em prol do meu futuro público-alvo e que vou aprender supervisionada a lidar verdadeiramente com as problemáticas da psicopatologia humana.

Estou bastante contente. E às vezes as coisas feitas assim de um momento para o outro, sem pensar muito, não costumam sair mal. Não foi bem o caso, pois tive hesitante até ao momento da largada. Mas decidi-me pelo seguro: o embarque em mais uma viagem.

As noites são curtas para o meu cansaço. Agora espera-me o sono repleto de sonhos agitadíssimos que incluem personagens como Desineys, Jaquités, a "assaltar-me" o juízo. Felizmente que me vou habituando à sua presença. O que também me entusiasma.

06/11/2006

O que é bom


Ter uma avó por perto é... ela ver-nos bocejar e enquanto benze a nossa boca dizer anjo bento entra pela boquinha da menina adentro.

05/11/2006

Manifesto anti-tool

Eh, pá este post não o levem a mal, os toolianos. Não mesmo (namorado incluído, que foi hoje mesmo, num domingo, venerar este ajuntamento).

Não gosto dos tipos - mas verdade seja dita, não os conheço. Mas ele há coisas que nós não precisamos de provar para saber e ter a certeza que não são boas - afinal, nunca ninguém provou cocó...

Pronto, não gosto da voz do senhor (parece aquela tipa dos evanescence, mas em versão máscula). De resto não são muito pirosos. Fazem música, diria, com uma parede preta à frente. Isto é, não têm por onde sair.
Vão acabar rapidamente.
Mas não são o pior que existe. Longe disso. Acredito que haja para aí muito pior.
Devem achar-se por certo muito bons. Mas não o são.
Nem sequer é pelo facto de me terem roubado o namorado hoje. Longe disso. Raramente partilhamos a nostalgia domingueira juntos.

Simplesmente apeteceu-me fazer um manifesto e eles coitados, estavam no lugar e hora errada
na minha cabeça.

Por isso tomem: os tool cheiram mal da boca, os tool dão puns. Os tool não têm quê. Os tool não têm ferramenta. Morram (musicalmente falando, claro) os tool. PIM!!!!PUM!!!!!


Deviam perceber que fazer música está para além de surpreender o público. Isso não dura sempre, não é? E agora até parece que já estou com pena dos rapazes. Pronto, se calhar só dão puns e não cheiram assim tão mal.

Pronto, já chega. Já descarreguei fel que baste. Mas, o mais estranho é que não estou muito mais aliviada do que quando comecei o post. Paciência. Foi o manifesto possível.

Domingo e pronto

Vou desistir de lutar por esquecer que o dia de domingo existe. Vou ter de enfrentar de caras (ou de cernelha, como quiserem) o raio do bicho preto que é o Domingo, qual forcado de gorro enfiado até ao percoço. É que ele já é tão mau que, sem qualquer tipo de ilusão a seu respeito, ele acaba por passar-se medianamente, benzinho.

O pior de tudo é acordar para o Domingo. Acho que o tipo não merecia. Devíamos acordar no Domingo com cara de 2ª feira. Mas não. Acordamos com cara de ainda termos um dia inteirinho para gastar, a fazer absolutamente nada. É o dia em que tomo banho mais tarde (e apetecia-me era não tomar mesmo), em que deixo o Gaspar na cama mais tempo e a mesma toda embrulhada numa confusão fria de lençóis, em que o piqueno-almoço é tomado ao som da televisão, a ouvir histórias de chitas a caçar. Felizmente que neste domingo os meus pais foram pregar para outra freguesia e não tive acompanhar tudo isto ao som da varinha mágica a triturar feijão ou grão. Quantas vezes o meu piqueno não é acompanhado de uma degustação olfactiva que prognostica o alimento que se seguirá pouco depois?

Hoje não. Hoje foi dia de empreitada, como o meu avô dizia. Ou seja, fiquei com a minha avó na cozinha desde o mata-bicho até estarem terminados todos os trabalhos gastronómicos. E não foram poucos. Fizémos o almoço, preparámos o jantar e, para cúmulo, quando eu queria tudo menos ir fazer uma torta com doce de abóbora: Agora que estamos com a mão na massa podíamos era despacharmo-nos já da torta... Qual torta? ainda tentei desconversar, mas não tive qualquer resultado. E a torta também se fez.

Depois foi a parte da tarde: meia a dormir, meia a ler, meia a fazer a companhia que a minha avó exige, meia sei lá o quê.

Hoje o Gaspar deitou-se a meu lado, a dormir como uma pessoa (assim, de lado). Hoje ajudei imenso a minha avó, o que fez diminuir substancialmente as essências de menta que ela põe constantemente na fronte e que, acredita, lhe tiram as dores de cabeça. Já mas obrigou a pôr no nariz. O meu nariz não deixou de estar entupido, mas a minha avó notou logo que me tinha feito bem. Os meus pais chegaram com uma corneta em prata e jantámos mais ou menos felizes e rosés, a falar sobre nadas.

Acabo de perceber que o diz que é um magazine será provavelmente a tarefa mais vibrante deste dia.
Domingo - dia óptimo (mentindo incontornavelmente) imaginação nulificada, gosto obtuso.

02/11/2006

Bric-a-brac


Hoje recebi uma colecção bric-a-brac. Mais de 20 gatos em porcelana inglesa e portuguesa que deixaram a sua coleccionadora já desinteressada e vieram parar às mãos desta leiga que vos fala. Até à bem pouco tempo atrás, esta coisa das porcelanas era para mim uma grandessíssima piroseira. Pois, meus amigos, agora estou apaixonada.
Uma vizinha do meu prédio, uma veneranda senhora de 74 anos de idade, teóloga, jogadora de ténis e amiga de todos os animais abandonados na freguesia de Alfragide Norte, deciciu hoje oferecer-me parte da colecção de pequenos gatinhos que o seu irmão fazia. O espólio é considerável e como foi depositado na mesa da sala, a minha mãe fez o favor de os despachar todinhos para o meu quarto: gatos a dormir, gatos a envaidosar, gatos a almoçar, gatos a transportar cestinhos na boca, gatos a lanchar, gatos a içar o rabo, gatos contentes, gatos assim-assim, tudo assim de rompante no meu quarto. A avalanche foi tal que hoje, que até ía escrever sobre os Sonic Youth, me senti completamente assolapada e invadida por muito mais de 40 olhos que, ainda que fechados, me lembram que estão no meu quarto e precisam de um lar urgentemente. Querem vê-los? depois eu mostro.
Pronto, estou a pirosar. E depois?