26/04/2007

Pequenos ditadores

Ando à procura de um livro chamado "Novos Tiranos", pelo menos a confiar na memória do prof. Wolfgang Lind.

Tenho procurado por todo o lado, mas nada. Já traduzi novos tiranos em quase todas as línguas à excepção de russo e chinês (e às tantas o livro é mesmo destas bandas orientais...) mas nada aparece pela Amazon.

Foi um fim de tarde excepcional, este passado com o prof. Wolfgang e a professora Arlette, na faculdade. Alemão e belga respectivamente.

Fomos para nos reunirmos com ela, para começarmos a pensar na ideia de fazermos um artigo sobre dislexia e propriocepção.

Mas acabámos todas a conversar e a rir muito com este alemão fantástico, vermelhinho e fumador dos 4 costados.

Um descobridor nato de pequenos interesses, que gosta de falar e de rir e de olhar muito para nós enquanto ri e fica muito vermelho.

Falámos de jesuítas, d' "O Grande Silêncio", de pais e filhos e dos resultados contraditórios que obteve da sua tese de doutoramento, sobre famílias bi-culturais, não necessariamente por esta ordem.

Enquanto isso, fumava muito, muito e amarelava ainda mais a sua barba amarela e as suas unhas acastanhadas.

Falámos de mesadas e de como ele ensinou o filho a deixar de ser pedinchão - controlando a sua mesada e negando-lhe um gelado, que o fez chorar por dentro, como pai.

Sabe hoje que a educação é um bem de longo prazo. E ao frio, a tremer de frio, senti-me outra vez aconchegada pelas conversas mais importantes do mundo: as que se têem nos corredores (ou na mesa do confim do corredor do 1º andar da minha faculdade).

Aprendi um pouco mais a ser mãe que hei-de ser. No frio de 2ª feira, estive a beber de um mestre numa conversa de café, que foi na realidade uma conversa erudita - quanto erudita pode ser uma conversa de risada forte e reflexão séria.

Mas, Wolfgang, preciso saber se o livro se chama mesmo assim.
Se te escrever um mail, de certeza que já te esqueceste que tivémos esta conversa na 2ª feira.

Tirano é o tempo e todos os tiranos são fabricados pelos seus submissos.

A conversa deve sempre acabar no auge, dissse antes de partir e de nos comprimentar com a sua barba fofinha e de desaparecer no branco sujo do corredor em espiral marmórea e metálica.

2 comentários:

Ana Nascimento disse...

ola!!!

ainda nao conhecias o wolfgang? eu adoro-o, é o "pai" da terapia centrada na solução, para mim, pois foi quem me falou dela com paixão e crença :) acho que mesmo que nao se lembre da conversa, ira lembrar-se concerteza do livro, por isso, manda-lhe o mail. e se for bom, depois diz-me para o ler tb :P

beijinhos!

Catarina T. disse...

Claro que conhecia o Wolfgang! - estava era a tentar descrevê-lo às pessoas que não conhecem o Wolfgang. Foi meu professor no 1º ano e embora nunca nos relacionássemos muito, é também dos meus professores preferidos da facu.
beijinhos e obrigado pelos teus comentários, sempre benvindos.