04/12/2006

Estamos todos a torcer por ti


A história é longa e tenho sérias dúvidas em saber se vos hei-de ou não maçar com ela.
Posso começar por dizer que tenho 2 periquitos lá em casa - que já resistiram a muita coisa, inclusivamente ao facto de serem periquitos e de ninguém lá em casa lhes dar a devida atenção. De vez em quando, percebemos que a falta de atenção é notória e levam uns miminhos - mas o que se pode fazer com pássaros? Eu não sei como há pessoas que os soltam e os deixam voar pela casa. Os nossos mimos são dar-lhes pão - que exigem diariamente - e dar-lhes cenoura ou alface. Ponto final.
Neste verão tive a triste ideia de comprar um ninho para meter na gaiola dos meus passarinhos. Eles gostaram da experiência e não demorou tempo a que a menina passasse o tempo a chocar o ovo. Passou tanto tempo dentro do ninho que deixou de comer e de se alimentar devidamente. fez uma luxação da patinha devido à posição que adoptou para o choco e comecei a aperceber-me que, se não fizesse nada, a piriquitinha iria padecer com o ovo no rabinho.

Andei um dia à procura de veterinários especialistas em aves - há muito poucos - e encontrei um muito bom em Telheiras. Aí a minha periquita teve a sorte de encontrar uma médica fabulosa que lhe retirou o enorme ovo. Foi um alívio para todos! Veio para casa numa caixinha aquecida por uma luva de borracha cheia com aguinha tépida e recuperou aos poucos. Senti-me toda inchada de ter ajudado a bichinha. Mas pouco depois, voltava a ter novo ovo e nova intervenção foi necessária, a frio também. Começámos a perceber que era necessário esterilizar a bichana tal era o ímpeto garanhão do meu periquitinho-macho. Tinha de fazer a toma de 3 injecções, mas só lhe pude dar a primeira. Daí para a frente era-me impossível ir de propósito a Telheiras, para mal dos nossos pecados, a periquitinha voltou a estar choca. Só que desta vez nós não sabíamos. A barriga estava agora mole e temia-se que pudesse ser algo tumoral. O RX não deixou quaisquer dúvidas: era uma ovo grande e perfeito, como poucos.
Só que desta vez já estava há muito tempo na barriga e estará certamente colado ao oviducto, o que torna as coisas muito mais delicadas.

A minha periquitinha ficou hoje no veterinário, com o seu companheiro de vida, na gaiolinha deles, com o paninho deles. Ela está a soro e amanhã vai levar uma anestesia geral, para que se retire o ovo (primeiro o líquido e depois a casca) sem tanta dor.
Só poderei telefonar às 2 da tarde. O prognóstico é reservado, eu sei. Ela já tem muita idade, eu sei (6 anos num periquito, é caso para se falar em menopausa, diria). Sei tudo, mas decidi arriscar. Não podia ter a bichinha de rabo alçado, em sofrimento permanente. Retardei a ida ao veterinário porque achava impossível ser outro ovo. Uma outra veterinária, aliás, achou a massa demasiado mole para ser um ovo. Mas era.
Sem ser na Páscoa e com muito menos alegria, também há ovos no Natal. Deus queira que este saia por completo e que a pequenina recupere bem da anestesia. Se ela imaginasse o que ando a fazer por ela, de certeza que não me dava as picadas que me dá. Mas Deus queira também que as continue a dar. E com muita, muita força.
Estamos contigo. Estou a torcer por ti hoje e farto-me de pensar se tu, com o soro, num local estranho, estarás com o teu coração de passarinha a tremer por todo o lado, a ouvir latidos de cão e miados de gato. A pensar que te abandonei, provavelmente. Mas não - amanhã estarei assim que puder ao teu lado para te ir buscar de qualquer maneira. Deus queira novamente que numa luvinha tépida a repousar de tantos abortos provocados.

A minha periquita não tem nome. Não sei bem porquê. Acho que por nunca precisar de a chamar. Mas tive de lhe dar um para ela ter na ficha do veterinário, e por isso é Blau (o nome de um periquito do Pedro). Hoje quando a veterinária nos chamou disse: - Biau, pode vir! E eu fiquei sentada, a pensar que a veterinária tinha dito miau e que era um bocado tonta. Depois ela olhou insistentemente para mim e percebi o pequeno lapso da troca (l com i). Depois o resto já sabem.
Quero trazer boas notícias amanhã.
Chau, Blauzinha, dorme come um passarinho.

2 comentários:

Polarito disse...

Os meus periquitos tiveram sempre o mesmo nome: Sr. Tico e D. Lola (hoje entendo porque eles não eram felizes quando os chamava). Um dia, após inúmeras tentativas, a D. Lola, com muita dificuldade, libertou um ovo. Nasceu um periquito amarelo (azul: 45% probabilidade; verde: 45% probabilidade, mas nasceu amarelo. Foi a companhia do meu avô durante anos, foi só ele que o viu crescer... subia escadas, tocava um pequeno sino, assobiava, e o meu avô educou-o como um neto, ainda que amarelo, até ao dia em que dei uma cabeçada na gaiola, e o periquito voou e voou e voou... Recordo-me de ver lágrimas nos olhos do avô...
Um dia conheci uma veterinária e contei-lhe esta história. Ao sabor do café, deliciou-me com uma dissertação de 30 minutos sobre periquitos e outras aves. Tudo o que ela disse faz-me estar seguríssimo de que a Blau vai ficar em forma num instante. Quem sabe não vais ser avó antes de ser mãe... :)
Prometo andar atento às tuas mãos para detectar sinais em forma de bico de Blau.

Anónimo disse...

isto é demais...tá bem k os animais merecem respeito, mas tratar deste assunto como se fosse uma pessoa, problemas são as pessoas a morrer de cancro nos hospitais isso sim
onde já se viu...