05/11/2006

Domingo e pronto

Vou desistir de lutar por esquecer que o dia de domingo existe. Vou ter de enfrentar de caras (ou de cernelha, como quiserem) o raio do bicho preto que é o Domingo, qual forcado de gorro enfiado até ao percoço. É que ele já é tão mau que, sem qualquer tipo de ilusão a seu respeito, ele acaba por passar-se medianamente, benzinho.

O pior de tudo é acordar para o Domingo. Acho que o tipo não merecia. Devíamos acordar no Domingo com cara de 2ª feira. Mas não. Acordamos com cara de ainda termos um dia inteirinho para gastar, a fazer absolutamente nada. É o dia em que tomo banho mais tarde (e apetecia-me era não tomar mesmo), em que deixo o Gaspar na cama mais tempo e a mesma toda embrulhada numa confusão fria de lençóis, em que o piqueno-almoço é tomado ao som da televisão, a ouvir histórias de chitas a caçar. Felizmente que neste domingo os meus pais foram pregar para outra freguesia e não tive acompanhar tudo isto ao som da varinha mágica a triturar feijão ou grão. Quantas vezes o meu piqueno não é acompanhado de uma degustação olfactiva que prognostica o alimento que se seguirá pouco depois?

Hoje não. Hoje foi dia de empreitada, como o meu avô dizia. Ou seja, fiquei com a minha avó na cozinha desde o mata-bicho até estarem terminados todos os trabalhos gastronómicos. E não foram poucos. Fizémos o almoço, preparámos o jantar e, para cúmulo, quando eu queria tudo menos ir fazer uma torta com doce de abóbora: Agora que estamos com a mão na massa podíamos era despacharmo-nos já da torta... Qual torta? ainda tentei desconversar, mas não tive qualquer resultado. E a torta também se fez.

Depois foi a parte da tarde: meia a dormir, meia a ler, meia a fazer a companhia que a minha avó exige, meia sei lá o quê.

Hoje o Gaspar deitou-se a meu lado, a dormir como uma pessoa (assim, de lado). Hoje ajudei imenso a minha avó, o que fez diminuir substancialmente as essências de menta que ela põe constantemente na fronte e que, acredita, lhe tiram as dores de cabeça. Já mas obrigou a pôr no nariz. O meu nariz não deixou de estar entupido, mas a minha avó notou logo que me tinha feito bem. Os meus pais chegaram com uma corneta em prata e jantámos mais ou menos felizes e rosés, a falar sobre nadas.

Acabo de perceber que o diz que é um magazine será provavelmente a tarefa mais vibrante deste dia.
Domingo - dia óptimo (mentindo incontornavelmente) imaginação nulificada, gosto obtuso.

4 comentários:

Polarito disse...

Sugiro repartir por sábado e segunda o medíocre interesse do domingo para que ele entenda, sem que seja necessário eliminá-lo do calendário, a sua insignificância. Assim, Sábado deveríamos preparar-nos para (Sabiamente Aproveitar o Belo Amanhecer do Domingo Obtuso)e Segunda (Seguramente Estúpidos Guardar Uma Nostalgia do Domingo Anterior). Seremos então mais domingueiros.

Catarina T. disse...
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Catarina T. disse...

Não estava para aí virada, mas agora que dizes, vou pensar nisso: isto é, deixar de tomar banho nos sábados (!) e na 2ª feira tomar o pequeno-almoço a ver os programas dos animais (!). Talvez resulte, mas se ficar sem amigos e sem trabalho, eu sei a que porta de igloo hei-de bater...

Anónimo disse...

epah, ate nem sofro muito desse mal.. é curioso.. e como ando ultimamente, nem sequer consigo aproveitar para tomar o pqueno almoço ao som das chitas.. o mais provavel é o relogio biológico acordar-me antes das 9 (e isto ja eh tarde..), andar a fazer coisas sem importancia e, na hora das chitas, dormir a sesta pre-almoço.. esse sim, um habito de domingo (e de sabado, qdo da) que prezo bastante! e qdo da para fazer a sesta do pos-almoço, ainda melhor! sim, nao me importo de perder dias a dormir e a fazer nenhum.. é uma arte que domino muito bem! :)