12/12/2006

Carpear o mundo à nossa volta



Sabem daquele movimento tão engraçado dos gatinhos a preparar terreno para se deitarem? A acalcarem numa mantinha, ou no que quer que seja e a fazer um ron-ron muito estridente a acompanhar? Pois bem, esse movimento chama-se carpear.

Não sei se é bem isso, mas quando ouvi o termo pela primeira vez fez-me todo o sentido. Carpear parece que também está na origem de carpete, que é qualquer coisa que está calcada por natureza. Achei tão engraçado o termo que decidi fazer um post sobre esta acção.

Mas a conversa não tem mais por onde ir. Eu não carpeio e, portanto, a experiência que tenho é aqui a do bichaninho. Até que comecei a pensar que também podemos dizer que carpeamos o nosso mundo quando fazemos as coisas à nossa maneira (como julgamos correctas), quando marcamos a nossa posição, quando somos lembrados por alguém, é também por termos carpeado uma determinada pessoa: aconchegá-mo-la a nós, deixámos a nossa marca.

É perigoso que o carpear se entenda como uma marca indelével de solipsismo ou egocentrismo. Não creio. Na maneira como fiz esta ponte, estava apenas a pensar na marca que vamos deixando aos poucos no mundo, tal como o Gaspar deixa quando se levanta e se vê a marca que o seu corpo deixou.

E daqui até pensar que a 1ª medida do Manuel João Vieira (líder incondicional dos Enapá 2000) quando se candidatou à presidência da república era alcatifar todo o Portugal, vai um passo de tal modo curto, que me chega a parecer que a medida afinal não era assim tão descabida.
(E imagino estradas repletas de alcatifa, com as nossas marcas indeléveis....)
E pronto. Mais nada.

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