31/10/2006

Vovô Serra... sou eu nananinha


Boa noite:

Como reparam pelo meu desmazelo, ando sem tempo para nada. Mudei de emprego e estou a começar agora como técnica de intervenção local (é este o meu acrónimo: TIL) no PIEF do SEixal isto é, uma medida governativa que impele jovens quase no fim da linha a regressarem à escola e a certificarem os seus conhecimentos prevenindo o abandono escolar e o trabalho infantil. É bastante interessante, mas ando de rastos e muito cansada.

Amanhã não vou estar por cá, pois desde há dois anos que este dia tem outro significado para mim, além de mero feriado. É um dos dias em que tenho de ir visitar a campa onde o meu avô está sepultado. Mal sabem que não preciso nada de ir lá para que pense todos os dias no meu avô. Mas vou na mesma. Vou por que gosto e porque quero e porque sim. Penso (como penso agora) no último dia das bruxas que vivi com o meu avô. Uma peixeira no continente foi mal educada comigo (só porque me deram outra senha mais próxima do atendimento, sem que a tivesse pedido, atenção e a peixeira topou). Ela atendeu toda a gente e deixou-me a mim no lugar da minha senha anterior. O meu avô foi falar com a responsável mas pouco adiantou, pois ele era sempre tão querido...estava tão triste de me ver a ser assim tratada e sem poder fazer nada (ele não conseguia ser mau para ninguém). No regresso a casa, ele diz-me: agora é que estou aqui a pensar: hoje não é dia das bruxas? pois eu não acredito nelas, mas que as há...há e rimos os dois até casa. O segredo estava entre nós os dois, mas de certeza que ele não se importa de o partilhar com todos.
Vovô - tenho saudades de chamar por ti (e derrepente os meus olhos ficam brilhantes e sei que isso é a tua resposta): mas eu estou aí.

Ainda hesitei em colocar aqui a tua imagem. Mas se a voz que tens em mim, estivesse no teu corpo ainda, por certo adorarias a ideia. E eu estou a cumpri-la por que te quero sempre.

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